top of page
Foto do escritorJuliana Duarte

Estilo que (não) vem da cabeça


A adolescência é a fase na qual ocorrem mais mudanças e quando há mais tensões na vida do ser humano. É nesse período que o jovem forma sua opinião, concretiza suas preferências e tem contato com novos sentimentos e sensações. É nesta fase, também, que ele quer tentar de tudo, se expressar e mostrar sua independência.


Uma forma de fazer isso é usar o próprio corpo. Alguns se tatuam. Outros colocam piercings no nariz, no lábio ou usam alargadores nas orelhas. E outros usam os cabelos, tingindo os fios de cores diferentes do comum.


Renata Rocha Mendes Ferreira, de 19 anos, aderiu à moda dos cabelos coloridos e fez uma mecha rosa. A professora, que sempre sonhou em ter uma cor diferente nos fios, diz que nunca pode tingi-los completamente por razão da profissão. Segundo a mineira, em uma das escolas onde trabalha, ela precisa prender o cabelo para esconder o rosa da mecha tingida. “Eles consideram ‘má influência’ para os alunos e os pais deles não aprovam”, confessa.


Renata diz que não é apenas no trabalho que sente a reprovação. Ela conta que as pessoas sempre a ‘olham torto’ por conta da cor no cabelo e que a família não aprovou. “Mas meus amigos e colegas gostaram e acharam que [a mecha rosa] combina bastante comigo”.


A mineira, além de fazer a mudança no visual, gravou todo o processo e o colocou no Youtube. Com uma média de 37 mil visualizações, o vídeo mostra o passo-a-passo de como tingir a mecha do cabelo. Renata, que também é blogueira, postou tudo em sua página na internet, chamada Ideias de Menina, e escreveu uma matéria sobre o tema em uma revista.


Já a professora de Informática Camila Carla Pires da Silva, mais conhecida como Camila Mabeloop, diz que sofreu menos preconceito do que imaginava. Pelo contrário: a paulista conta que conseguiu o atual emprego justamente pela cor diferente nos cabelos. “Meu chefe queria alguém moderno, então casei com a sorte”.


Camila conta que as aceitações da família e amigos foram equilibradas. “A sorte é que o meio onde vivo é bem atual e não se importam mais tanto com isso”. Segundo ela, todos já a conheciam bastante, então não foi a nova cor de cabelo que influenciou a sua personalidade.


Além disso, ela sabia que os amigos a conheciam bem e que ela não mudaria só por uma cor diferente nos fios. Mas, segundo Camila, o lado mais complicado foi a aceitação dos seus alunos, que são mais velhos e têm uma professora de apenas 17 anos de cabelos coloridos. “Mas nada supera a sensação de liberdade”, destaca.


O contrário aconteceu com a dona de casa Karen Cristiene Fernandes Mariano, de 21 anos. A paulista teve total apoio dos amigos e familiares. “Meu marido até me dá força para sempre deixar o cabelo colorido”, diz. Segundo ela, até a irmã seguiu os mesmos passos.


Karen conta que sempre quis ter a cor diferente nos fios, mas por falta de permissão da mãe e por conta do trabalho, na época, não tingiu o cabelo. Logo após que saiu do emprego, Karen tingiu as pontas de roxo e, mais tarde, acrescentou o rosa. Atualmente, segundo ela, todos em Porto Feliz (SP), cidade onde mora, se lembram dela por conta das cores nos cabelos.


Para Camila, o lado negativo de ter um cabelo com cor diferente é o julgamento, já que muitos associam a mudança no visual com sexualidade e estilo de música favorito. “Como se só esses grupos de pessoas pudessem ter o cabelo colorido”. Renata também tem a mesma opinião e completa: “Cor de cabelo não muda caráter, as pessoas deveriam entender mais isso”, reclama.

0 visualização0 comentário

コメント


bottom of page